domingo, 21 de fevereiro de 2016

dissonância

as maiores dores da vida
são agudas
já as menores
quase despercebidas
ficam miúdas
e nessa ordem absurda
palavras sutis
entram em discórdia
ficando mudas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Marina

Moça da boca carnuda, dos seios fartos e do corpo delineado escondido por camisas largas. Dos cabelos cacheados, dos olhos negros e do coração farto. Me diz qual é o tom desse castanho desse teus olhos pra eu poder te desenhar em meus sonhos. Sorriso branco e esparso quase sempre acompanhado de uma boa MPB. Não sei bem sua procedência, só pude conhecer o endereço dos teus cigarros. Quando a vi pela primeira vez sua voz exibia melancolia, uma melancolia que todo boteco feito de bêbados sujos precisava. Aprendi logo, na terceira vez, que pra conhecer tua historia eram preciso apenas de alguns tragos acompanhados.
Sua voz embala uma MPB de voz suave e as vezes um pouco rouca e seus olhos quase sempre se desmancham ao som desse folhetim barato. Os seus olhos me revelavam o que sua boca só dizia em melodia. Largada, sofrida, coração partido em milhares de pedaços e pisados, alma craquelada e sorrisos curtos. Sorrisos vazios. Sorrisos que lhe faltavam. Mais um trago pra segurar o que havia preso na garganta. Mais um paladar que apenas te experimentou. Mais uma boca que te tocou mas nunca se entregou. Outro coração quebrado, outro cigarro, mais uma canção e a esperança da continuação de uma velha nova história.