Quero dizer que você me deu a felicidade completa. Ninguém poderia ter feito mais do que você. Por favor, acredite.
Mas sei que jamais recuperarei; e estou desperdiçando sua vida. É essa loucura. Nada que alguém disser poderá me convencer. Você não consegue trabalhar e ficara muito melhor sem mim. Está vendo não consigo nem escrever isso direito. Só prova que estou certa. Só quero dizer que até essa doença surgir fomos perfeitamente felizes. Foi tudo graças á você.
Ninguém poderia ter sido tão bom como você tem sido, do primeiro dia até agora.
Todos sabem disso.
V."
Depois de ter lido a mesma coisa por mais de quatro vezes, me desfiz em lagrimas. Senti muitas coisas ao mesmo tempo - uma tristeza, uma dor inexprimível diante da vida que fora rompida, mesmo que á muito anos antes de meu nascimento.
Hora senti por ela, hora senti por ele, e hora por mim. Senti em mim a dor dela, tive medo, pois ainda carrego comigo uma carta que fiz em uma das tentativas frustradas de romper com a minha própria vida. Não acho que eu esteja plenamente recuperada e nem acho que possa chegar a estar. Depois da vigésima, ainda acho que não me recuperei nem ao menos da primeira.
Eu gostaria de tê-lá conhecido. Provavelmente não a salvaria, mas certamente lhe diria como aquela dor me é familiar.
Porque diabos temos de carregar dia após dia este fardo tão pesado?
Todo esse tempo que se passou desde Virginia, estou frustrada, irritada, principalmente com este mundo por deixar que alguém como ela partisse tão cedo.
V.W. essa ideia agora é insuportável para mim.
"O que é isso que empurra alguém para a beirada final e fatal, quando a vida é algo que estamos dispostos á perder?"