quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Não existem mais paredes ao meu redor, meus pés andam soltos por ai em busca do que tem a capacidade de renascer das ruínas e clamar pelo paladar fresco de um primeiro amor. Sou uma jovem mulher, do corpo perfeito, torneado pelos palcos da vida, marginalizada nas coisas em que te encontrei. Me julgo ser de fato uma auto-aprendiz de feições delicadas e alma voraz, indomável, corajosa e cruel.
Talvez, seja por isso que hoje ando pelas ruas da minha cidade, recitando meus versos, arrastando meus avessos, arrancando olhos, completando a minha coleção. Minha sanidade? Vou me livrando dela a cada esquina, botequim, copo sujo, a cada palavra cuspida, a cada refrão. Afinal, de que me valeria amar tanto se nela fizesse meu descanso? Quero gritar, explodir teu tímpano com minhas obscenidades e indecências pagãs. Gemer alto ao te ter nos meus braços, deliciosamente te engolindo, no massagear dos corpos, acordar o vizinho simpático de cara amassada e pijama xadrez.
Vou em busca da liberdade de espirito mesmo sabendo que esta só a morte me trará. Faço da minha estrada um jardim de flores de gelo que derretem e escoam pelas bocas de lobo das avenidas no centro da capital.
E assim apesar da minha condição limitada de ser o que sou, um ser humano inócuo e medíocre, de amor imprestável, pelo ou menos imprestável para ti, de palavras vãs e impermeáveis, eu tenho os meus sonhos, vou andando pelas ruas, a pé ou de bicicleta, descarrego meu coração nas lixeiras  pelo caminho, vou parando de respirar, meus olhos fundos de tanta cachaça, o cigarro no canto da boca simulando um sorisso inexistente, meus pés sujos e descalços de tanta ilusão, minha alma devastada e corrompida pelo futebol das quarta-feiras fatidicas, pelo beijo sussurrado no celular nas madrugadas de quinta, pela sorveteria da esquina, por tantas chamadas não atendidas, pelo teu medo ou falta de coragem de me amar, pela minha alma apaixonada e entregue de bandeja.
E eu, quero fabricar o ar, ser uma nuvem timida a vagar no alto do mundo no céu azul. Avistar teus olhos castanhos, teus gestos, teus atos e descansar. Não fale nada, eu quero apenas que me escute. Quero que escute o meu amor.

O amor meus caros amigos, sem sombra de duvida, é a atmosfera mais propicia a cena perfeita do beijo que declara sua existencia, sua depedida e a sua morte! Eu posso parecer maluca, mas eu quero apenas que me escute. Eu preciso que escute o meu amor. Eu quero fabricar o calor do Sol, esquentar tuas costas, tuas palmas, teu corpo cansado. Eu quero te ter, todos os dias sob meus lençóis. Será que teus principios de vida te impedirão de entender que não há o que perder? Eu quero apenas que me escute.