sexta-feira, 31 de julho de 2015

Das confissões que faço no silêncio

Toca meu cabelo como quem tira o véu.
Puxa para trás e me joga na parede.
Estamos no metrô. Todos nos observam.
Que vergonha.
Mas isso não importa agora.
Eu o desejo, como jamais desejei antes. 
Marca minha carne como se fosse brasa.
Me aperta contra a parede.
Me morde os lábios e eu sinto a excitação percorrer por todo meu corpo.
Suas mãos dentro da minha calça em um cantinho da estação.
E eu desejando mais que aquilo.
Um tesão que aumenta cada vez mais.
Eu preciso ir embora.
Meu telefone está tocando.
Eu o ouço tocar ao longe.
Estou delirando.

Ele me sussura ao pé do ouvido se eu quero mesmo ir embora.
Safado.
Gemendo eu respondo que não.
Ele está tão excitado quanto eu.
Eu o desejo.
Ele me deseja.
Estamos em publico.
Que droga. Queria estar em sua cama.
Mais um beijo.
Mais um empurrao.
Gozei.

Como ele consegue?
Faz de mim o que quer.
Não me sinto apaixonada.
Mas nos damos bem fisica e sexualmente.
Nos damos bem na vida e nos damos bem na cama.
Que saudade dele na minha cama.
Seu rosto entre minhas pernas.
Chupando a essência do meu ser.
Parecia uma viagem.
Como aquelas dos que tomam LCD.
Mas essa além de ser real,
Me leva á ele mais uma vez.
Que droga.
Ele é uma droga.
Que vicio.
Estou o desejando novamente.

Tenho lábios que anseiam beijar estrelas,
sua boca é minha constelação favorita.


"Sou excesso naquilo que me transborda,
e você, meu amor,
é a gota que falta para iniciar a enchente."




sábado, 25 de julho de 2015

Com amor

Uma curiosa intimidade se constrói quando duas pessoas trocam histórias de
seus colapsos devastadores.

Ela surgiu de repente , levou um até nos falarmos de fato e estabelecermos uma
proximidade. Uma intimidade estranha e súbita. Tão agradável. Ás vezes em que estive a beira de um colapso ela foi extremamente atenciosa.

Ela é uma das muitas pessoas para quem a depressão está sempre á espreita, por mais cuidadoso que seja o controle da medicação, dos tratamentos ou do comportamento.

Eu vi o que ela escrevia, ouvia e perguntava sobre ela. Tinha a sensação de que nos conhecíamos, como que para a vida toda. Algo nela me atraiu, além da depressão em comum.  Eu sempre ouvi com atenção os seus relatos á respeito da vida, era como se falássemos sempre a mesma língua. Quando em crise eu percebi; a depressão fala, ou ensina á você uma língua totalmente diferente.

Lembro da primeira vez que a vi, já gostava tanto dela que não era capaz de acreditar que nunca havíamos nos visto antes.

E agora, eu lembro muito dela.

Sinto sua falta.

- Á minha querida amiga, Kaky.
Com amor, Bruna.

por onde andei

Eu queria que ninguém me  notasse. Não me notassem por um bom tempo. Não se importassem ao ponto de me desconfigurar, que passassem por mim como atravessam uma porta qualquer. Aqui dentro existe um buraco gigantesco, e quem se aproxima, infelizmente, se perde. E você se perdeu!

E eu não quero perder você.

Então fique longe, mesmo que machuque, fique longe. Em mim dói muito mais, por saber que apenas eu sou capaz de acabar com isso, e não consigo.
Eu me perdi também. 
Queria um abraço para morar e fiz dele tempestade. Eu existo em uma parte distinta da galáxia, e meu infinito é tão limitado a coisas ruins. Não tente me ajudar. Eu não quero. Eu já me acostumei. Estou com saudade, mas eu não tenho uma saudade bonita para sentir. Sinto vontade, mas todos os meus desejos me levam á caminhos ruins. Queria um abrigo, não tenho nem ao menos a mim. 

Hoje eu senti saudade. 
Senti saudade de ver uma boa imagem refletindo no espelho, saudade de sentir um sorriso surgir na inocência, por saber que no olhar existe felicidade. Hoje eu chorei. Chorei porque senti falta do aconchego de uma palavra qualquer, de uma conversa banal, eu ouço apenas o som do backspace. O som do silêncio. 

A alma fria só me serve para preservar a carne nesse estado infindo de tristeza, talvez, quem sabe, para ser  exposta, e servir de exemplo a não ser seguido. Hoje, o castigo para quem errar é ser só. Não há fogueira, há frio. E não existe coisa pior.

O despertador tocou. Antigamente eu sentia felicidade em saber que estava viva. Hoje, se eu pudesse adiaria esse despertador e deixaria que esses cinco minutinhos se expandissem pelos caminhos limitados do resto da minha vida. Ah, eternidade, eu não pertenço a isso. Eu não desejo ao meu pior inimigo a vida eterna. É cruel imaginar uma imensidão só.

Juventude doente de solidão. As pessoas são tão previsíveis. Todas as palavras de amor sem sentido. Sentimento perdido. Tempo perdido. Renato estava certo e ninguém poderia prever isso. Sempre foi fácil taxar de louco, quem deixava escancarado a doença da alma. Todos negaram a realidade, e hoje ela se revoltou.

Eu tenho pena.